Sobrevivendo em Copenhagen: Banheiros

Oi pessoal!!!

A semana "acabou" aí no Brasil por causa do feriado de Tiradentes hoje e acabou aqui também por causa do feriado religioso de amanhã (É o "grande dia da Oração". Teoricamente todos deveriam ficar em casa rezando, mas na real vai todo mundo viajar). E eu fiquei pensando: Ainda bem que essa semana terminou! Foi tão intensa! Teve povo odiando o Bolsonaro, povo odiando Jean Wyllys, povo odiando a Dilma, povo odiando os deputados, povo odiando a Veja... E é nesse "agradável" clima de ódio que eu resolvi escrever sobre o que eu mais odeio, com todas as minhas forças, nessa Dinamarca: banheiros.

Era uma vez o meu antigo apartamento em Lyngby, perto de Copenhagen. Ele era um ótimo apartamento! Tinha uma cozinha super linda, sala e quarto amplos, lavanderia com máquina de lavar e secar no porão, área comum com um gramado imenso e churrasqueira, uma casinha tipo estufa para tomar um café nos dias frios, uma macieira de onde você podia colher suas próprias maçãs e.... um banheiro medonho. E quando eu digo medonho, não quero dizer apenas feio. Não me entenda mal, ele era realmente feio, mas o nosso problema maior era a área total de 1m². Nosso banheiro era tão pequeno, mas tão pequeno, que mais de uma pessoa não cabia ali dentro. Na verdade, uma única pessoa não conseguia abrir ambos os braços (acho que nem apenas um deles). Para tomar banho, tínhamos que nos apertar entre a parede e o vaso sanitário. Para esfregar a perna e os pés, tínhamos que apoiá-los em cima da privada e, após o banho, precisávamos pegar o rodinho e secar o banheiro inteiro. Cada acessório que se encontrava ali dentro era milimetricamente posicionado nos pouquíssimos lugares que não ficavam molhados. Ainda assim, um cuidado adicional era necessário e, por isso, só podíamos movimentar nossos braços para lavar a cabeça, por exemplo, em ângulos precisos que descobrimos com a experiência. Caso contrário, o papel higiênico ficava completamente encharcado. Se você acha que eu estou exagerando, aqui vai uma foto:

Eu sei que você está procurando o box, mas não tem.

Colocamos uns papéis coloridos no armarinho e no espelho pra dar uma "melhorada"

O pior de tudo é que não era só nosso banheiro que era assim. Ouvimos todo tipo de história com banheiros aqui em Copenhagen. Um amigo nosso só tinha a privada dentro de casa e precisava ir até o porão do prédio para tomar banho no chuveiro comunitário. Uma amiga de um amigo precisava tomar banho na academia que tinha em frente à casa dela, pois ela também só possuía a privada em seu apartamento. Outra pessoa que conhecemos tinha o chuveiro no meio da cozinha, e outra tinha o "banheiro" no meio do corredor. O chefe do Gustavo disse que alguns banheiros são assim porque antigamente as pessoas não eram muito chegadas num banho e, por isso, era comum ter apenas o vaso sanitário dentro do apartamento. Para tomar banho, elas iam até o porão ou alguma casinha improvisada no jardim do prédio. Com o avanço da higiene pessoal nórdica, as pessoas apenas adicionaram um chuveirinho onde acharam espaço.
Pra quem não sabe, os dinamarqueses são muito famosos pelo design e arquitetura, mas a impressão que eu tenho é que os arquitetos gastaram todo seu conhecimento, criatividade e esforço desenhando os outros cômodos dos apartamentos e resolveram avacalhar os banheiros: "O apartamento está lindo e moderno demais, vamos construir um banheiro escroto pra equilibrar". É a única explicação que eu tenho pra aqueles canos à mostra.

Quando viemos conhecer nosso apartamento novo, a corretora abriu a porta e mandou a gente entrar no corredor. O banheiro é logo na primeira porta e eu pude ver o quão normal ele era. Possuía até box! Dei aquela olhada para o Gustavo, que entendeu o que eu queria dizer assim que ele também entrou no banheiro: PRECISAMOS desse apartamento! Tanto nos esforçamos para impressionar a corretora, que conseguimos o apê... Desde então, meus banhos são cheios de gratidão e amor. Posso tomar uma ducha ouvindo música e até sambar se a música for animada. Posso secar meu cabelo e fazer a maquiagem me olhando no espelho. Amo meu novo banheiro! Ele é super sem graça para os padrões brasileiros, mas é puro luxo para o padrão Carine-na-Dinamarca.

Gustavo não abaixou a tampa da privada pra bater a foto e eu tô com preguiça de tirar outra. :P