quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Sobrevivendo em Copenhagen: O primeiro ano e o ano novo


É hora de fazer a minha retrospectiva 2015. Acho importante isso acontecer, não porque algo realmente vai mudar de um ano para o outro. É só um dia, certo? Era 31 de dezembro, e passa a ser primeiro de janeiro, e o que tem de diferente em termos práticos? No Brasil, o ano novo costuma a vir acompanhado de uma nova série escolar, ou um novo curso, um novo carnaval que está prestes a chegar. Aqui, na Dinamarca, nada muda a não ser as chances de nevar, que aumentam consideravelmente. Entretanto, em qualquer lugar do mundo, NÓS mudamos. O ano novo traz esperança de que as coisas mudarão para melhor. De que tudo o que aconteceu de ruim no ano anterior, vai se consertar. É assim que eu me sinto agora. Não vejo a hora de chegar o ano novo! 2015 foi o ano mais louco da minha vida, com certeza! Defendi minha dissertação de mestrado, casei, fiquei desempregada e sem ter o que fazer pela primeira vez desde o jardim de infância, e me mudei para outro país. E foi aí que as coisas ficaram mais malucas ainda!
Quem pensa que sair da sua terra natal é a melhor coisa no mundo está redondamente enganado. Cansei de ouvir (e falar) que o Brasil é uma grande bosta, que nada funciona, que brasileiro é sacana, que tudo do Brasil é vagabundo e só o que é importado presta. O que vocês não sabem, e eu também não sabia, é que não tem nada na vida que nos faça mais falta do que o nosso lar. E aqui, digo lar como ele deveria ser: aquele lugar que te faz bem, que te traz boas memórias, que abriga as pessoas que você mais ama e tudo o que te importa. Quando saí do Brasil foi quando mais ouvi música brasileira e mais quis comer farofa. Eu passei a ouvir Anita. Acho que eu estava com saudades das músicas que tocavam nos auto-falantes das ruas de Vilar dos Teles. Passei a ouvir bossa nova e samba de raíz, e até mesmo os pagodes serviram de música de fundo enquanto eu cozinhava algumas vezes por aqui. Passei a sentir uma tristeza muito grande por não poder comer coxinha ou pastel na rua. Não que eu comesse coxinha ou pastel na rua quando estava no Brasil. Senti muita falta de ir ao mercado e entender o que os produtos significam e de poder ser cortês com as pessoas do caixa. Senti falta de desejar um bom dia, ou um bom final de semana para os atendentes, sempre tão simpáticos (tentei algumas vezes, mas eles não entendem meu dinamarquês de jeito nenhum). Senti falta de entender o que as pessoas falam ao meu redor, e de saber a vida inteira de uma velhinha que tenha sentado ao meu lado no ônibus. Senti falta de ouvir as pessoas conversando e rindo dentro do trem, de calor humano, de um pouquinho de “barraco”. Senti falta de cada cantinho da minha casa, de cada pessoa da minha família, de cada amigo que deixei para trás. Não senti falta do calor, porém. Nunca serão, 02! :P
Foi quando precisamos ficar 3 meses em Nova York que percebi que ficar em casa 24 horas por dia, num lugar estranho, sentindo falta de tudo e de todos, realmente não é a melhor escolha que você pode fazer na vida. Foi aí que passei a fazer trabalho voluntário no Museu Americano de História Natural, aquele do filme do Ben Stiler! J Ir trabalhar todos os dias e me sentir útil foi a melhor decisão que pude tomar. Aproveitamos o estilo de vida caótico de Nova York e saíamos para passear todos os dias. Conhecemos restaurantes de diferentes etnias, museus para todos os gostos, parques e mais parques, pessoas de estilos peculiares, vimos show de bandas novas e participamos de uma feira medieval. Vim para Copenhagen disposta a aproveitar o máximo de minha estadia aqui. Foi o meu ano novo no meio de 2015! Era hora de mudar! Quando cheguei, passei a fazer trabalho voluntário no Museu de História Natural daqui e a sair de casa todos os dias. Passei a cozinhar tudo o que tinha vontade de comer e passei a ler os livros atrasados que estavam lotando nossa cômoda. Escolhi fazer novos amigos e aceitar que meus antigos amigos ainda estarão no Brasil quando eu voltar. Escolhi achar que nossa mudança forçada (os senhorios do nosso apartamento querem vender o imóvel, então teremos que sair daqui a pouco) foi a melhor coisa que poderia nos acontecer: agora teríamos a chance de encontrar um lugar mais próximo do centro. Descobri que eu sou uma garota da cidade e que não adianta tentar forçar o contrário. Descobri que o Rio de Janeiro, apesar de todos os seus problemas, é o meu lugar preferido no mundo, e que só eu e outro carioca podemos falar mal dele, senão “dá ruim”! E no final, tudo dá certo. Consegui um emprego, meu primeiro emprego, e começo a trabalhar no primeiro dia útil do ano. Conseguimos um apartamento muito bem localizado e completamente perfeito para nós. Descobrimos que muitas pessoas queridas vêm nos visitar no ano que vem e que finalmente nos estabelecemos e poderemos viajar mais. O Ano Novo, para mim, será mais que novo! Será o melhor ano! Porque eu descobri que depende de mim, principalmente, fazê-lo ser dessa forma.

Feliz Ano Novo!

Defendendo minha dissertação

Just married

Como fazer caber tudo em duas malas?

A hora da despedida! :(

Passeando por Copenhagen. Isso aí era um cemitério.

Em um parque perto de Copenhagen

Vendo a temperatura do Mar Nórdico. Não muito agradável.

Estação de trem da Suécia

No castelo de Frederiksborg

Visita à Paris: Notredame

Torre Eiffel

Arco do Triunfo

Moulin Rouge

Sacré Coeur

Louvre

Primeiro dia quente em Copenhagen. Fomos em Island Brygge.

Island Brygge

Festival de Jazz de Copenhagen

Nossa própria festa junina com os amigos brasileiros

New York New York!!

Museu Americano de História Natural

Museu Americano de História Natural

Brooklyn Bridge

Grand Central Terminal

Fort Tryon Park

A Noite Estrelada - Van Gogh

Museu de Arte Moderna

Com o HC Andersen no Central Park

Central Park

Casa Branca

Outono em Washington DC

De volta em Copenhagen: Castelo Rosenborg

Nos lagos centrais de Copenhagen

No "Mercado de Vidro"

Com os amigos gringos no aniversário do Gustavo

Com os amigos brasileiros na apresentação de coral do Luis

Com os amigos brasileiros no aniversário do Gustavo

Em Sophienholm, um parque perto de Copenhagen

Sophienholm

Sophienholm

Sophienholm

Sophienholm

Natal com os brasileiros

Natal no Tivoli

5 comentários:

  1. E quando precisar de mais maluquices na vida, estamos aí! :P

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  2. Realmente foi um ano de muitas mudanças, mas o importante eh o conhecimento q vc esta adquirindo, conhecendo novas pessoas, novos lugares. Tudo isto vai fazer diferenca daqui a alguns anos. O legal eh q vc esta se adaptando e aceitando o novo em tua vida. Vcs dois serao felizes em qq lugar q vcs estejam juntos, ne?
    Bjs p vcs.

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  3. Feliz Ano Novo. Que Deus os ilumine e abençoe.

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  4. Feliz Ano Novo. Que Deus os ilumine e abençoe.

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  5. Parabéns Cacá .. li seu texto que a Renata me passou.. fiquei muito orgulhoso de vc..imagino como a Isabel deve se sentir .. mais uma vez, meus parabéns.. não sabia que vc tinha esses dotes maravilhosos.. uma redação impecável.. com muito sentimento.. conseguiu passar em suas palavras cada sentimento que lhe vinha a mente... Desejo que vc seja muito feliz.. que alcance suas metas.. objetivos.. pois se depender de vc.. essa conquista já está garantida.. tomara que o fator sorte lhe acompanhe.. Como dizia uma pessoa muito querida de todos nós.. e que nos faz muita falta ainda hoje.. "O Ser humano precisa apenas de uma coisa pra ter sucesso.. Espirito de Progresso" .. Mané baixinho era um sábio .. Beijos Cacá .. que Deus lhe proteja e abençoe

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